segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ceninha

- Eu tenho nojo de você! Nojo, asco...

Cospe, tapa na cara.

- Agora sim! Vem!

J.

Eu te quero quente, ébrio.
Eu quero essa tua força taurina rasgando, dilacerando carne e osso.
Quero sentir o gosto ferrugento do teu sangue nos meus lábios.
Quero tua força bruta, teus músculos tesos, teus olhos vidrados, bêbados e selvagens.
Quero te sentir murchar e definhar, para enfim abrir os olhos e sonhar.
Te quero frágil, tua carne na minha.
Te quero homem e bruto como o filhote de pardal que despenca do ninho.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sem Título

Eu imagino o seu corpo banhado de sangue, jogado no chão, e é belo.
Eu imagino os seus olhos sorridentes me fitando.
Eu imagino os seus lábios correndo pele de cima a baixo.
Gozo e luto.
Luta e sangue.
Sangue e vida.
Desejo e morte.

"O oposto da morte é o desejo. Você se admira?"

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Citação

"Se um dia precisares da minha vida, vem tomá-la..."
Nina

A Gaivota, de Anton Tchekhov

No Tempo de Um Ponteiro

Um segundo, apenas um segundo...

O copo que se espatifa no chão.
Os lábios que se tocam.
A corda que se parte.
Os olhos que se encontram.
A gota que transborda.

Um segundo...

A bala que deixa a arma.
A faca que fura a pele.
O sangue que estanca.
A veia que se rompe.
O respirar que se suspende.

As mãos que se roçam.
Os peitos que se apertam.
O corpo que convulsiona.
Um sonho que se acaba.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Petit Noir

No escuro não existem regras.
Dentes, carne, sangue.
No escuro as vozes ecoam alto.

"Quando se atravessa uma parede, nem mesmo a parede se dá conta disso"

Valsa em Um Tempo

Eles dançam, dançam, dançam.
Dois amantes numa praça escura.
Dois velhos embriagados.
Duas criadas entediadas.
Dois homens com facas nas mãos.
Duas mulheres com plumas no coque.
Dois cães raivosos.
Dois sorrisos desdenhosos.
Dois copos vazios.

Ridículos, absolutamente ridículos.