"A única diferença que existe entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho é muito mais duradouro" - Oscar Wilde
Lá fora chove.
Me encontro aqui, exausto.Chego a querer adormecer por cem anos..ou mais.
Essa vida de embalagem vazia não é o suficiente. Não é o mínimo.
Ah, se você soubesse quantas noites tenho chorado essas lágrimas secas, estéreis, carentes de fecundação. Lágrimas que jamais me rolaram a face, fracas que estão para sequer deixar o abrigo dos olhos.
Os olhos...
Ah, esses seus olhos...
Quantas noites não tiveram o prazer de beijar essas pálpebras adormecidas? Quantos céus azúis não foram refletidos pelo negrume dessas pupilas?
Esses olhos que me fazem querer perder-me, sem jamais encontrar a saída, que me fazem querer mergulhar nessa escuridão e nela me afogar.
Por que? Por que?!
Por que não me saem da cabeça esses seus olhos de corvo?
Quero parar esse precipitar que me corre nas artérias, essa dor que me pressiona o cérebro, esse ar que se excede e me sufoca, esse grito que morre antes de chegar na garganta.
Mas não, não!
Não quero! Como é doce a dor que oprime o peito.
Venha, conceda-me essa dor.
Conceda-me a dor de observar o suave arfar de seu peito adormecido.
Conceda-me a dor de perdê-lo mil vezes.
Conceda-me a dor de observá-lo partir pela manhã, sem saber se retornará.
Lá fora chove, e onde está?
Adormeceu, talvez?
Uma sombra de beijo no canto de seus lábios, e boa noite...
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